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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Teoria da Introdução aos Gêneros Literários segundo Salvatore D'Onófrio


Introdução aos gêneros literários

D’Onófrio defende a ideia de que a literatura é uma forma “de conhecimento da realidade que se serve da ficção e tem como meio de expressão a linguagem artísticamente elaborada” (D’ONÓFRIO, p. 9, 2000), ou seja, a literatura é uma forma de conhecer o mundo em que se usa da arte para se criar um universo imaginário onde os valores são questionados.
Porém, fazer tal afirmativa não significa que a ficção é falsa, ela apenas  não existe históricamente, a personagem chega até mesmo a ser mais real do que a pessoa real, como afirma D’Onófrio, pois ela não precisa se esconder atrás de um status social e se mostra como verdadeiramente é perante a sociedade, o que as pessoas muitas vezes não tem coragem de fazer.
A literatura é usada como fonte de prazer, pois é a melhor maneira de se conhecer o mundo como verdadeiramente é, fazendo com que os homens pensem e reflitam a respeito de seus verdadeiros sentidos.
Ao longo de toda a história literária da humanidade foram escritas inúmeras obras, cada uma com suas características marcantes e por este motivo é que se existiu a necessidade de estabelecer classificações em gêneros e épocas. Aristóteles foi o primeiro estudioso da literatura que apresentou a primeira divisão das formas literárias, originando os primeiros fundamentos da teoria dos gêneros.
Ele, conforme sua concepção de arte como mimese da realidade,estabeleceu a existência da poesia épica e trágica onde se imitavam as ações dos nobres e a poesia cômica, satírica, lírica, ocasional que imitavam  os acontecimentos do cotidiano, ações corriqueiras. Esta divisão de Aristóteles possibilitou o surgimento dos gêneros narrativo, lírico e dramático, os quais se consagraram como o cânone da época, obtendo assim muito sucesso nas estéticas renascentistas e neoclássicas, tornando-se o fulcro das distinções humanas.
Porém esta estética clássica foi rompida após o movimento de Sturm and Drag, pois os novos artistas a  consideravam um empecilho a livre imaginação criadora.
Sendo assim, a métrica a ser seguida é rejeitada e assim deixam de considerar o poeta artifice e a considerar o poeta “inspirado”, nesta concepção romantica da arte o espírito “dionísico” sobrepõem-se ao “apolíneo”.
Após esta forma romantica então, dá-se priopridade a literatura descritiva onde

a teoria dos gêneros não limita o número das espécies possíveis, admite a possibilidade de mistura dos gêneros existentes e do surgimento de formas literárias novas. A tripartição clássica em gênero épico, lírico e dramático é substancialmente mantida, embora restaurada. (D’ONÒFRIO, p.11, 2000).

A tripartição genérica lírico-épico-dramática pode ser basicamente definida na visão de Straiger em lírico, um tempo presente onde o ser expressa o que mais deseja, épico que se sustenta no passado a fim de relatar fatos grandiosos e dramático, que visa ao futuro, seu objetivo é sempre querer modificar o status quo. Porém, nenhum destes existe em seu estado puro, pois a ideia de pureza foi um grande equívoco, afinal nenhum gênero pode ser inteiramente dramático, assim como nenhum homem é totalmente e necessariamente humano.
Por este motivo é que podemos dizer que existem poemas narrativos ou romances dramáticos, para definir uma obra como pertencente a um dos gêneros vai depender da predominância de um estilo a  outro.
Já Northop que estudou os gêneros pela teoria dos mitos, sendo o mito da primavera a comédia, o mito do verão o romance, o mito do outono a tragédia, e o mito do inverno a sátira, dividindo assim a literatura em epos, prosa, drama e lírica.
Para Bakhtine existe a alternância de dois princípios estéticos, sendo eles o monologismo e o dialogismo que enformaram algumas obras literárias através dos anos.
O autor expõe os fatos de como se sucedeu a evolução da literatura tanto em uma visão diacrônica quanto em uma visão sincrônica que é um estudo de um determinado lapso de tempo, mas diz que a divisão em gêneros da literatura só possui, de fato, fins didáticos. O importante é saber e ter consciência da divisão entre poesia e prosa, não por limitar estes estilos, mas porque são diferentes, de fato, até na estrutura, mas isto não significa que não se possa existir poemas em prosa e prosas poéticas.
O que podemos concluir é que a classificação em um gênero literário é relativa, cada obra de alguma forma vai ter características de outra, mesmo que seja uma carnavalização de um estilo, pois uma obra “que não partilhasse com outros textos artísticos semelhanças de formas e de conteúdos, além de inclassificável, tal obra seria incompreensível.” (D’ONÒFRIO, p. 19, 2000).
Por isso, a literatura pode ser dividida em períodos distintos, como, por exemplo, o período vitoriano, a renascença, o século XX, cada um representando um objetivo diferente, dependendo da época em que surgiu e os fins que pretendia, tornando-se assim rótulos literários distintos.
A literatura, repleta de obras que retraram espíritos de épocas, ora com predominância do espírito dionísico, ora do apolíneo, nos dá a base de nosso mundo, da nossa cultura, em diferentes épocas e a divisão em gêneros, relembrando, é mais para fins didáticos. Independente de tudo isto, o importante é ser original, apresentar algo inovador para assim, tornar-se algo literário.

Referência

D’NÓFRIO, Salvatore. Literatura Ocidental. Autores e obras fundamentais. São Paulo: Ática, 2000

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