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domingo, 29 de novembro de 2009

Como enterder a cabeça de um gótico parte 3

Imaginários e Bestiários medievais

Composto das lendas de fadas que seduzem cavaleiros e os conduzem a regiões encantadas para que tornem-se seus eternos amantes, seres híbridos e corajosos heróis que combatem inimigos fantásticos em busca de valores mais nobres, o imaginário medieval tem origem na mitologia escandinava e céltica, abrigando também vários elementos da mitologia grega. Mas, ao longo dos séculos, agregou diversos elementos da tradição judaico-cristã. Desse modo, tornou-se uma referência criativa no romantismo através da percepção artística deste período e, ainda hoje, sofre constantes releituras.

Pode se citar um exemplo como Romeu e Julieta William Shakespeare que tem suas origens na obra de Arthur Brooke (The Tragicall History of Romeus and Juliet - 1562) que, por sua vez, também buscou inspiração em lendas como Tristão e Isolda. Novamente, Tristão e Isolda foi tema do compositor romântico Richard Wagner, na segunda metade do século XIX.

Em O Senhor Dos Anéis (The Lord of the Rings - J. R. R. Tolkien) encontra-se diversos elementos que remetem ao imaginário medieval, como a ambientação (castelos e florestas) e os personagens que compõem a trama (elfos, fadas e magos). A seqüência de Harry Potter (J.K. Rowling) também faz uso de um lugar encantado (Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts), recursos e ferramentas mágicas e criaturas sobrenaturais. Do mesmo modo, a série de lendas arthurianas (como o Santo Graal e Tristão e Isolda) que recentemente foram aabordadas cinematograficamente.

Um fator interessante a ser considerado é a representação simbólica do contexto dessas lendas. Na numerosa série dos populares contos de fadas, uma importante referência que reúne os elementos do imaginário medieval, encontra-se um enredo com fundamento moral entrelaçado com a própria trama. A tradicional lenda de A Bela Adormecida é um exemplo no qual a personagem principal pode-se libertar da maldição que a adormeceu apenas através do beijo de um príncipe encantado. Neste caso, fica clara a fundamentação moral de que o amor (como elemento metafórico) é capaz de libertar a humanidade de seu "eterno sono". Os contos de fadas muitas vezes se confundem com as fábulas, que também são igualmente importantes na composição do imaginário medieval.

Bestiário Medieval

Nas ilustrações, na arquitetura românica e em seguida com o florescimento da arquitetura gótica, o imaginário medieval manifestou-se nos manuscritos e na ornamentação das catedrais através de representações fantásticas, como gárgulas e quimeras, e criaturas reais, como aves e animais aquáticos. O boi, o carneiro, o burro, combinam-se com a raposa, o lobo, o urso e as aves de rapina; ou com répteis, como a serpente. Paralelamente, encontra-se animais que não compõem a fauna européia, como o macaco, o camelo, elefante e leão. Estes seres figuram nos pórticos, arquivoltas e capitéis de igrejas e mosteiros, bem como nos antigos manuscritos, simbolizando as virtudes e os vícios humanos, associando-se a determinados personagens, episódios e dogmas bíblicos, como os sete pecados; por vezes, com o intuito de catequizar os iletrados através das imagens.

Estas criaturas híbridas (antropomórficas e zoomórficas) possuem características próprias, como fazer uso de encantamentos e transmutação física. Assumem características iconográficas atribuídas aos seus animais correspondentes e comumente são representados em situações simbólicas (como em combates) ou exercendo atividades rotineiras (como o tear); mas em todos os casos há uma simbologia a ser interpretada pelo observador (acompanhe abaixo alguns animais reais e fantásticos que compõem o imaginário medieval).

Sereia


A figura da sereia tanto pode se associar ao conceito da salvação e da redenção, como às forças maléficas do pecado. Há, por exemplo, duas categorias de representações das sereias: a sereia-peixe e a sereia-pássaro. A primeira, com a aparência física de um ser meio homem meio peixe, representavam divindades marítimas (resgatadas do folclore escandinavo). A sereia-pássaro, com a cabeça humana (com feições masculinas ou femininas) e corpo de pássaro, representava a alma condenada dos mortos; que, com seu canto sedutor, levava os navegantes ao naufrágio.

Dragão

O dragão é um animal fantástico que tem presença constante na cultura medieval. Porém, sua origem remonta à antiguidade de várias culturas. É possível que a "imagem" do dragão, uma serpente ou réptil alado e de proporções gigantescas, tenha sido idealizada a partir de fósseis de dinossauros.
Na Idade Média, principalmente por influência das citações bíblicas, o dragão foi associado a aspectos maléficos (como a serpente), sempre como um inimi-go mortal e poderoso. Uma célebre representação é a de São Jorge, montado à cavalo, ferindo um dragão com sua lança;
numa clara alusão da vitória do bem (cristianismo) sobre o mal (o dragão pagão). Ainda, o Dragão figura freqüentemente na heráldica medieval

Grifo

O grifo, animal que possui cabeça e asas de águia e corpo de leão, também é encontrado em brasões. Sua conotação é (geralmente) positiva; pois representa a águia (rainha das aves) e o leão (rei dos animais terrestres). Há uma lenda de que os grifos entraram em combate com os cavalos que tentaram roubar o seu ouro. Assim, há uma grande rivalidade entre grifos e cavalos; fato que levou cavaleiros medievais a utilizar escudos com a imagem de grifos, para desencorajar os cavalos dos inimigos. Há ainda o hipogrifo, que seria o resultado do cruzamento de um grifo com uma égua.

Basilisco

O basilisco é descrito como uma serpente com cabeça de galo que nasce quando um ovo de galinha é chocado por um sapo. Em algumas representações, devido ao tamanho e por estar dotado de patas, é confundido com dragões. O basilisco seria capaz de matar apenas fixando o seu olhar sobre a presa. Segundo as lendas, é responsável por conduzir a alma desencarnada dos condenados ao inferno.

Harpia

A harpia, que na mitologia grega foi enviada para roubar o alimento do rei cego conhecido por Fineu, é mais uma representação com corpo de ave e cabeça e tórax humano (tanto masculino como feminino) e está associada (geralmente) à luxúria e a entrega do homem aos prazeres sexuais.

Centauro

Os centauros são mais uma representação oriunda da mitologia grega. Com o corpo de eqüino e tórax, braços e cabeça humana, representa a brutalidade. Na iconografia cristã, também está associado à lascívia.

Unicórnio

O unicórnio é uma das representações que se atribui significados. Oriundo também da mitologia grega, na Idade Média, estava associado à pureza da virgindade; portanto, é comum encontrá-lo retratado junto a uma dama. Por outro lado, na heráldica, pode representar a nobreza e a virilidade. Ainda, há a lenda de que seu chifre é capaz de neutralizar qualquer veneno e curar todas as doenças.

Leucrota

A leucrota é do tamanho de um eqüino com o traseiro de um veado e peito e patas de um leão, cabeça de cavalo e a mandíbula aberta até altura das as orelhas, com um osso maxilar ao invés dos dentes. Uma de suas habilidades é produzir sons semelhantes à voz humana.

Porco

O porco está associado à gula ou luxúria. Santo Isidoro de Sevilha atestava que "os porcos são imundos porque se revolvem e sujam na terra à procura de alimentos". Na obra Hortus Sanitatis (1485), Jehann von Cube reafirma a associação do porco à luxúria, referindo também à precocidade sexual do animal, que aos oito meses já é capaz de copular.

Aves

De uma forma geral, as aves recebem atribuições positivas; já que as asas simbolizam a capacidade de voar e alcançar o Reino Divino no céu. Também é comum encontrá-las picando as próprias patas, numa alusão ao ato de "despregar-se" da sua natureza terrena. A pomba e a águia são as aves mais comuns nestes contextos.

Leões

Leões estão associados à força e nobreza. É comum encontrá-los nas entradas principais de templos religiosos exercendo a função de guardiões do templo, como se alertassem o observador que aquele local é sagrado e restrito. Na bíblia, pode assumir um caráter positivo (como o leão de Judá, os leões do trono de Salomão ou o leão de São Marcos), como uma imagem negativa, como os leões que Daniel tem de enfrentar

Touro

O touro, que está presente em diversas culturas da Antiguidade, sempre recebeu atributos positivos por sua força e coragem. Entretanto, durante a solidificação do cristianismo medieval, devido aos chifres e patas, recebeu uma conotação demoníaca.

Por Spectrum

Referência Bibliográfica: www.arteguias.com


A Idade Média Foi Só Obscurantismo?

Os embates realizados nos primórdios da razão moderna pelos renascentistas em confronto com o obscurantismo, onde os pioneiros da racionalidade moderna ressaltavam o esplendor da antiguidade clássica, foi muito importante. Entretanto, realizado, é importante esclarecer que, embora tenha sido de fundamental importância o confronto travado pelos renascentistas com o obscurantismo, ressaltando o esplendor da antigüidade clássica, isso não deve, necessariamente, nos levar a concluir, apressadamente, que a Idade Medieval era apenas uma barbárie e a antigüidade a genealidade civilizatória que deveria ser restabelecida. Esse postulado não faz a devida justiça com as múltiplas conquistas e realizações medievais. É bem verdade que o mito das trevas medievais é insustentável, mesmo numa perspectiva eurocêntrica.

Como bem nos lembra, Erwin Panovfsky, em sua conhecida obra: Renascimento e Renascimentos na Arte Ocidental, o mito das trevas medievais é insustentável numa perspectiva não eurocêntrica.

Durante a Idade Média, entre os séculos V e XV, a Igreja Católica exerce forte controle sobre a produção científica e cultural. Essa ligação da cultura medieval com o catolicismo faz com que os temas religiosos predominem nas artes plásticas, literatura, música e teatro. Em todas as áreas, muitas obras são anônimas ou coletivas.

Artes Plásticas

Criada para exaltar Deus e os santos católicos. A arte medieval difere da representação idealizada da realidade, típica da antiguidade clássica. As obras tem aspecto ornamental, com formas estilizadas, Predominam temas bíblicos e a simetria é a base das composições. A arte mais desenvolvida é a arquitetura, com a construção de inúmeras igrejas.

Entre os séculos VIII e X surgem novas atividades, como a iluminura (ilustração manual de livros), a tapeçaria, a ourivesaria e os esmaltes. Com as invasões bárbaras, a arte adquire certa descontração e colorido.

No século XII, surge a arte gótica, principal marco do período medieval. Sua origem é incerta, mas é na França que assume suas características mais marcantes. Depois se espalha por toda a Europa, vigorando até o século XVI. O termo gótico surge no Renascimento, com conotação pejorativa: godo era sinônimo de bárbaro. Na pintura e na escultura, usadas principalmente na decoração de templos, as figuras são esguias e delicadas. O tamanho dos personagens depende de sua importância social ou religiosa. Na transição para o Renascimento, a pintura incorpora o naturalismo e noções de perspectiva, que depois caracterizam o classicismo. Um dos exemplos são os murais sacros do italiano Giotto (1266?-1337), considerado o primeiro artista a assinar uma pintura.

Literatura

As formas literárias medievais típicas são novelas de cavalaria e o trovadorismo. Principal prosa da época, as novelas narram aventuras guerreiras, desenvolvendo temas ligados aos cavaleiros medievais, como a valentia, a fidelidade ao soberano e o cristianismo. A maioria tem caráter religioso, mas trata também do amor cortês, que idealiza a mulher. Destacam-se as que contam as aventuras do lendário rei Artur (século VI), do País de Gales, que teria fundado a Ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda.

A assimilação das novelas de cavalaria pela Igreja, que as utiliza como instrumento doutrinário, faz surgir A Demanda do Santo Graal. O trovadorismo, que celebra formas idealizadas de amor, em geral platônico e inatingível, tem início no sul da França, no século IX, e domina o cenário literário europeu por dois séculos. Em Portugal, só aparece no fim do século XII e dura até meados do século XV. Poetas-cantores compõem poemas, chamados de cantigas, para ser cantados e acompanhados de instrumentos.

As obras classificam-se em líricas, que compreendem as cantigas de amor e de amigo, e satíricas, que incluem as cantigas de escárnio e de maldizer. No século XIV, em plena transição para o Renascimento, há grande produção literária, principalmente na Itália. Misturam-se elementos do cristianismo com o humanismo nascente. Francesco Petrarca (1304-1374), no Cancioneiro, glorifica o amor e fixa a forma do soneto. Dante Alighieri (1265-1321), na Divina Comédia , faz uma alegoria do percurso da alma em busca de Deus. Em Decamerão, Giovanni Boccaccio (1313-1375) mescla valores cristãos a temas burlescos.

Bom a nossa história continua em uma próxima postagem onde vamos falar sobre música e enfim o resto da história, espero que vocês estejam acompanhando a linha de raciocínio

Beijos e até a próxima

2 comentários:

  1. Leeh, seus post's estão ótimos! Nossa, são 3 aulas que o cara já sai formado em Cultura Gótica! Parabens!

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  2. menina, pára de difamar a subcultura gótica, você precisa ter conhecimento antes de sair por aí falando o que quiser, caso contrário não passará de piada para aqueles que realmente sabem da verdade. se de fato quer ser gótica, procure saber sobre essa subcultura riquíssima, oriunda da Inglaterra no final dos anos 70 e começo dos 80, cuja banda precursora foi Bauhaus e continua se desenvolvendo até hoje com muitos artistas excelentes... lembrando que gothic metal NÃO EXISTE pois o rock gótico e o metal são como água e óleo: não se misturam (;

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